Cheios de detalhes, vestidos e laços, assim foi exposto o projeto ‘Castelo de Bonecas’, na manhã da sexta- feira (20), no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB). O projeto foi apresentado no auditório do TCE-PB, com a presença de representantes dos demais órgãos parceiros: Tribunal de Justiça da Paraíba, Associação das Esposas dos Magistrados e das Magistradas da Paraíba (AEMP) e a Direção da penitenciária. O trabalho de ressocialização ganhou a parceria do TCE-PB e terá um stand fixo de exposição e vendas no local.
O projeto ‘Castelo de Bonecas’, coordenado pela juíza Auxiliar da Vara de Execução Penal (VEP) de João Pessoa, Andréa Alcoverde Cavalcanti, tem por objetivo a capacitação e a remissão de penas das internas do Centro de Reeducação Feminino Maria Júlia Maranhão, incentivando o trabalho artístico produtivo como forma de inclusão social.
O presidente do TCE, conselheiro André Carlos Torres Pontes, na ocasião, ofereceu apoio e espaço permanente para exposição do trabalho das reeducandas, a fim de que a renda seja garantida e a atividade continuada. ‘O Tribunal de Contas é uma instituição pública que busca, através da sua missão, interagir com a comunidade para atuar, também, em áreas sociais’, afirmou conselheiro-presidente.
No auditório, a juíza Andréa Alcoverde relembrou quando fez a primeira visita na penitenciária e viu algumas mulheres fazendo bonecas, mas em condições ruins de trabalho. ‘Eu me encantei com aquele trabalho. Não tinha estrutura nenhuma, tinha uma máquina de costura muito velhinha, mas eu via que tinha esperança e muito talento’, revelou. As bonecas são produzidas nos tamanhos pequeno, médio e grande com preços de R$ 10,00 à R$ 60,00 e podem ser adquiridas tanto no Presídio Júlia Maranhão, como nas exposições ou pelo Instagram: @castelodebonecasjúliamaranhao.
Os benefícios chegam as reeducandas por três formas. ‘“A profissionalização, visto que elas aprendem técnicas de corte e costura; a remição da pena, a cada três dias trabalhados representam um dia de pena a menos; e a aquisição de recursos financeiros, porque 50% das vendas são depositados para elas em conta corrente. O restante é aplicado no próprio projeto”, detalhou a magistrada.
A realização da exposição decorreu da ação conjunta da Juíza- coordenadora e da presidente da Associação das Esposas dos Magistrados e das Magistradas da Paraíba (AEMP), Ana Lúcia Alencar Pereira, com a finalidade de incentivar a ressocialização e a própria demonstração da qualidade dos produtos que são confeccionados. O projeto conta com o grande apoio da presidente da AEMP, pois por meio da Associação tem promovido a realização de cursos profissionalizantes de Compotas de Doces, no presídio feminino. ‘Ana Lúcia vem sendo guiada por Deus para melhorar a vida das mulheres na penitenciária’, disse a juíza Andréa.
A presidente da AEMP também agradeceu a todos que ajudam a Associação de uma forma indireta ou direta, ressaltou que é com grande satisfação, pela segunda vez, apoia o projeto ‘Castelo de Bonecas’, pois tem a cara do novo modelo de gestão social da Associação. ‘Hoje, nessa gestão, as nossas ações vão muito mais além do que um simples doar, mas as nossas ações estimulam mudança de vida, de comportamento e de uma oportunidade real de inserção social de uma forma mais humanizada e mais digna’, declarou Ana Lúcia Alencar.
A AEMP está com projeto ‘Ensinando a pescar’ que vem se expandindo e também contribui para o resgate e inserção das mulheres na penitenciária feminina. ‘Desse projeto acolhemos toda a comunidade carente, adolescentes que cumprem medida sócio educativa, adolescentes que se encontram em casa de acolhida, mulheres vítimas de violência doméstica’ explicou a presidente da Aemp Ana Lúcia Alencar Pereira. ‘Que seja um modelo, uma nova forma de doação mais humanizada, mais efetiva e de muito mais valia para sociedade por inteira ‘, acrescentou.
O evento também contou com a apresentação do Coral do TCE e do Coral Vozes Passageiras, este último, foi apresentado por dez reeducandas da Penitenciária Feminina Maria Júlia Maranhão. De forma voluntária, atuam o maestro Daniel Berg e o preparador vocal e servidor do Poder Judiciário estadual, Sérgio Gerarde, que ministram aulas de canto no Presídio Sílvio Porto e na Penitenciária Feminina. Nesta última, além da atividade do coral, ocorrem aulas de música com o maestro Alberto Tavares.
Por Ana Paula Cunha